Bacharel em comunicação social, com habilitação em jornalismo pela Newton Paiva; eu começo este texto com o mais importante jornalisticamente: uma aranha morreu. Não uma das quatro ou cinco realmente perigosas (“de interesse médico”, no termo técnico) do Brasil. Era uma das inofensivas. Aquelas de cabeça e abdomens pequenas e pernas loooongas demais e fiiiinas demais. Tem em toda casa, tem na sua casa. Até cheguei a anotar o nome científico delas, mas perdi. Conto depois aqui. Faço questão.
Fim de tarde, no alto da parede de meu quarto e perto de uma esquina. A aranha estava totalmente parada. Sozinha, sem a sua teia e sem algum parceiro (Ou parceira. Não perguntei o seu sexo. Eu sou educado.). Até havia uma pequena teia de aranha abandonada perto, onde um inseto preso se debatia. Mas a aranha não se interessou em ocupar aquela teia e nem em devorar o pequeno inseto. Realmente ela estava sozinha.
Hoje de manhã, nove de novembro do ano de 2023; eu percebi pelo modo como estava desenhado as suas pernas, que esta aranha ficou encantada.
A aranha realmente estava sozinha. E esta é a primeira e a última vez que ela apareceu em um texto. (Nove de novembro de 2023)
Não posso quebrar o círculo, o anel, a coroa, a roda. A mais perfeita e simbólica forma geométrica. Não posso começar este blog antes de terminar um movimento que comecei no meu antigo blog Amor e Queijo. Preciso terminar de pedir para você ler e se apaixonar por Teorias da Personalidade (Fadiman e Frager).
Era para ser “só” William James e Alfred Adler, porquanto eram esses os autores citados e elogiados pelo meu amado Will Durant na área do estudo da mente. Então eu tinha que conhecer e depois explicar os capítulos do livro dedicados a eles. Depois, mordido pela culpa de ser machista (machista na média, não sou tão ruim assim), achei também interessante escrever sobre o apêndice do livro onde a Elizabeth Lloyd Mayer aborda brevemente sobre a psicologia da mulher. Depois, também também mordido pelo desejo e angústia de querer tudo e mordido pelo desejo de agradar a todos; pensei em escrever sobre a segunda parte do apêndice. Ali onde o Oriente aparece em um pedacinho de seu infinito. Budismo, Ioga e sufismo. Só faltou escrever sobre o sufismo. Também também também antes de terminar tudo, para a perfeição impossível, descobri que precisava de escrever sobre Abraham Maslow. Ele era o autor mais novo analisado por Fadiman e Frager e julguei isso cientificamente vantajoso. E, principalmente porque, folheando o capítulo dedicado a ele, encontrei uma citação que ecoou fundo em mim. Maslow criticava a dimensão pessimista em Freud. Foi por puro acaso eu ter encontrado a citação, mas eu quis julgar que o encontro não foi casual.
Até tive aulas sobre psicologia na faculdade de jornalismo. Até comprei o livro Porque tenho medo de dizer quem sou?, de John Powell S.J.. Foi o que ficou para mim das aulas. Foi um ano de aulas ou “dois períodos”, como se diz nas faculdades. Uma professora e um professor, mas não me lembro deles. Mas eu gostei. Enfim, ficou o livro. Enfim, não sou especialista. Mas alguma coisa a gente sempre sabe e pensa a respeito. E se eu fosse escolher uma crítica à Psicanálise de Freud, seria sobre o pessimismo estrutural ali a respeito do inconsciente. E eu acho este um ponto importante, muito muito mais importante do que discutir o status científico. Eu sei que Freud ajudou muita gente, mas…
Uma vez eu questionei um psicanalista sobre isso. Foi quando participei de uma série de palestras sobre a “filosofia da morte”, não lembro o nome exato do evento. Lembro que no convite havia a imagem de um desenho de uma caveira rodeada de abelhas. Foi na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Não era de noite, era fácil para eu ir e eu fui. Você já foi à UFMG? Só fui lá umas três ou quatro vezes. É chique por causa da fama e é grande como uma cidade. E as mulheres são muito bonitas, as mais jovens frequentemente vestidas de maneira surpreendente. Como aquela loira rastafári que tinha, nos longos cabelos, infinitos enfeites coloridos.
Mas onde eu estava? Pareço o Holden Caulfield em seu modo dispersivo de pensar. Eu tinha a idade dele quando encontrei por acaso na biblioteca do colégio O Apanhador no Campo de Centeio. Na terceira frase do livro eu já era o Holden. Virou o terceiro livro de minha vida. Lúcio Flávio Pinto, o maior jornalista do Brasil, escreveu a respeito do livro recentemente. Outro acaso que não é acaso? Queria uma justificativa para voltar a comentar no blog dele, depois de taaaanto tempo afastado. Mas ainda não fiz.
Mas onde eu estava? Nas palestras apareceu um psicanalista e nas horas das perguntas eu questionei se o inconsciente seria sempre fonte de dor. Um artista, sendo alquimista, poderia transformar a energia liberada pelo inconsciente em coisas bonitas e saudáveis. O psicanalista me respondeu que, mesmo aqui e ali coisas produtivas aconteçam; o saldo final seria sempre agressivo. Bom, uma bactéria no esgoto não tem inconsciente. Até onde sabemos. Mas uma bactéria não tem medo de si mesmo e nem se odeia. Eu estou sendo arrogante, Freud? Enfim, os anos se passaram e “tropecei” em Teorias da Personalidade, de Fadiman e Frager. Até li o capítulo dedicado a Freud. Eu gostei, ele é bem completo. Mas… Enfim, até já sonhei em entrevistar o Christian Dunker em um mundo onde eu era um jornalista consagrado.
Mas onde eu estava? Pelo sorriso da Kalki Koechlin, mas que vontade de reler Trópico de Câncer de Henry Miller!!!! Nunca fiquei com tanta vontade de reler um livro!!! E ele nem faz parte dos meus 10 melhores livros!! Mas onde eu estava?